A diversidade de espécies exóticas de insectos, aranhas e outros artrópodes está a aumentar nos Açores

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Face a diversos estudos científicos que têm demonstrado que a abundância e a diversidade de insectos está a reduzir drasticamente a nível mundial, uma equipa de investigadores da Universidade dos Açores, da Universidade de Pau (Centre National de la Recherche Scientifique – CNRS, França) e do Museu de História Natural da Finlândia (Universidade de Helsínquia) estudou os insectos capturados ao longo de seis anos na floresta nativa da ilha Terceira, Açores.

Os investigadores analisaram os padrões de diversidade e abundância destes invertebrados olhando também para a sua origem geográfica: espécies endémicas – que apenas podem ser encontradas no arquipélago – e espécies exóticas – que foram introduzidas no arquipélago de forma consciente ou inadvertidamente através de atividades económicas. Os resultados são agora publicados na revista científica Insect Conservation and Diversity.

Aranha-tenaz (Dysdera crocata), uma das espécies exóticas detetadas neste estudo.

“Os nossos resultados revelam uma maior diversidade de espécies exóticas de artrópodes capturadas nestes seis anos. Este padrão poderá implicar uma alteração em vários tipos de serviços de ecossistemas, perturbando processos como a predação e a reciclagem de nutrientes”, explica Paulo Borges, investigador do Grupo da Biodiversidade dos Açores (GBA), da Universidade dos Açores. 

O estudo decorreu entre 2013 e 2018, período no qual foram capturados mais de 30 mil artrópodes na floresta nativa da Ilha Terceira – ilha que contém a maior área de florestas nativas do arquipélago. Os insectos recolhidos corresponderam a 159 espécies, 32 das quais endémicas. 

Aranha-do-cedro-do-mato (Savigniorrhipis acoreensis), espécie endémica dos Açores que ocorre em todas as ilhas excepto na ilha do Corvo.

Os resultados deste estudo apontam igualmente para uma ligeira diminuição da abundância de espécies endémicas do arquipélago – espécies que não se encontram em nenhum outro lugar do planeta “e permitem ter uma visão diferente e complementar dos vários estudos científicos que têm alertado para um declínio global da abundância e diversidade de insectos. Esses estudos têm sido realizados sobretudo no continente europeu e norte-americano, existindo outras regiões ainda pouco estudadas – como as ilhas, que possuem um património único de espécies, e onde conhecer os fatores promotores de erosão da biodiversidade é critico para definir estratégias de gestão da conservação dos seus habitats”, conclui Paulo Borges.

Uma das armadilhas utilizadas para capturar artrópodes na região de floresta nativa da Ilha Terceira onde foi desenvolvido este estudo, entre 2013 e 2018.

Referência do artigo:
Borges, P. A. V., Rigal, F., Ros-Prieto, A. & Cardoso, P. (2020) Increase of insular exotic arthropod diversity is a fundamental dimension of the current biodiversity crisis. Insect Conservation and Diversityaccepted, DOI: 10.1111/icad.12431.

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