A Universidade dos Açores (Grupo da Biodiversidade dos Açores/CE3C) publicou através do GBIF cerca de dois milhões e meio de registos de ocorrências de espécies, fazendo daquela uma das regiões do mundo com maior número de registos de biodiversidade por área, com cerca de 1000 registos por quilómetro quadrado. Os dados, agora disponíveis de forma livre e gratuita através daquela plataforma de acesso aberto, podem ser consultados no portal internacional do GBIF e em breve no portal de dados do Nó Português do GBIF. Os dados incluem registos de cerca de 5000 espécies terrestres e marinhas, representando uma ampla variedade de organismos como plantas vasculares, mamíferos, aves, briófitos, artrópodes, fungos. Com esta publicação, praticamente duplicou a quantidade de dados publicados por instituições portuguesas através do GBIF, ultrapassando 5 milhões de registos.
Os dados publicados provêm do Portal da Biodiversidade dos Açores, tendo sido compilados através do enorme esforço da equipa de investigadores, coordenados por Paulo A.V. Borges, professor da Universidade dos Açores e coordenador do Grupo de Biodiversidade dos Açores do centro de investigação CE3C. Os dados do portal foram sistematizados na base de dados ATLANTIS, composta por dados espaciais de presença de espécies. As informações são provenientes de mais de 1700 documentos, incluindo literatura disponível (que remonta ao século XIX), registos de trabalho de campo e ainda inclui, para parte das espécies, imagens de exemplares de coleção ou na natureza.
Os trabalhos decorreram entre 2003 e 2015, no âmbito dos projetos INTERREG III B “Atlântico” (2003-2005), “BIONATURA” (2007-2008) e ATLANTISMAR – Mapping coastal and marine biodiversity of the Azores (Ref: M2.1.2/I/027/2011) (2012-2015). Estes projetos tiveram como parceiros a Direção Regional do Ambiente e do Mar e a Agência Regional da Energia e Ambiente – ARENA. O chefe de fila do projeto foi a Consejería de Medio Ambiente y Ordenación Territorial do Governo das Canárias.
A disponibilização destes dados poderá representar um incentivo à realização de mais estudos científicos, uma vez que integram com facilidade informação proveniente de qualquer dos continentes do eixo atlântico. Esta publicação é ainda mais relevante quando está em desenvolvimento a criação do AIR CENTER, uma infraestrutura internacional centrada nos Açores. De igual modo, fica facilitado o acesso à informação em projectos de conservação da natureza na região assim como no apoio à tomada de decisão pela administração regional.
O arquipélago dos Açores apresenta uma grande riqueza de organismos terrestres e marinhos. A situação geográfica faz destas ilhas importantes laboratórios vivos para o estudo da biodiversidade, como demonstram os estudos de Arruda Furtado, que se correspondeu com Charles Darwin, tendo nos Açores realizado vários estudos em malacologia que apoiaram a teoria de evolução de Darwin.
Pode aceder ao conjunto de dados através do GBIF aqui.
Pode visitar o portal da Biodiversidade dos Açores aqui.