No dia 10 de dezembro, por proposta do Conselho Científico da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, ouvido o Senado da Universidade dos Açores e com a aprovação da Magnífica Reitora, Susana Mira Leal, a Universidade dos Açores (UAc) atribuiu o título de Doutora Honoris Causa em Literatura à escritora Lídia Jorge.

Na sua intervenção, a Reitora da instituição sublinhou a “sincera honra e vincado sentido institucional” com que a Universidade acolheu a distinção, afirmando que o título agora atribuído exprime “o reconhecimento do percurso singular de quem, pela obra, pela ação e pelo pensamento, tem contribuído para o conhecimento, para a cultura, para o prestígio de Portugal, e sobretudo para um exercício de cidadania crítica e para a valorização da nossa condição humana”. Realçou ainda que, num tempo marcado pelo ruído e pela superficialidade, distinguir Lídia Jorge constitui “um gesto de resistência cultural, um compromisso com a lucidez e com a dignidade da palavra e da pessoa”.

A sessão solene de outorga das insígnias doutorais decorreu na Aula Magna do campus universitário de Ponta Delgada, com transmissão para os campi de Angra do Heroísmo e da Horta, reunindo doutores, estudantes, funcionários, bem como diversas entidades civis e representantes institucionais.

Foi oradora e fez o elogio à nova Doutora a Professora Associada Ana Cristina Gil, da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, na qualidade de madrinha. No seu discurso, destacou o percurso literário singular de Lídia Jorge, a profundidade temática das suas obras, a força humanista da sua escrita e o impacto crítico e cultural que a autora tem exercido ao longo de várias décadas. Sublinhou ainda que “Lídia Jorge não é só uma grande escritora. É uma grande pensadora. Toda a sua obra tem sido uma longa reflexão sobre o que é ser humano, sobre o que é ser humano hoje, e também sobre Portugal, sobre a nossa identidade enquanto povo, com passado mas também com presente e futuro”.

No final da cerimónia, Lídia Jorge dirigiu-se à Academia com um discurso profundamente pessoal, evocando a alegria de integrar a comunidade universitária e o significado simbólico de se juntar ao emblema da UAc. A autora agradeceu “a grande alegria por me terem chamado para o seio da vossa comunidade académica” e a honra de passar a integrar os símbolos da Universidade, afirmando: “Seguro na mão, com força, esta síntese marítima que me oferecem.” Referiu ainda que este reconhecimento a enche de esperança, sublinhando que a Literatura permanece “uma fonte de esperança contra as perversões da linguagem e do pensamento” e um contributo essencial para preservar a liberdade, a memória e a dignidade humanas.

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